Zelensky chega à Flórida para reunião com Trump sobre acordo de paz na Ucrânia
28/12/2025
(Foto: Reprodução) Presidente ucraniano está na Flórida para discutir plano de paz com Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, receberá neste domingo (28) o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em uma tentativa de concluir um acordo de paz que encerraria quase quatro anos de guerra provocada pela invasão russa ao território ucraniano. A reunião acontecerá em Palm Beach, na Flórida (EUA), às 15h (horário de Brasília).
Na véspera do encontro, a Rússia intensificou os ataques à capital Kiev e e a outras regiões do país om lançamento de mísseis balísticos e de drones. Ao menos uma pessoa morreu e outras 27 ficaram feridas, segundo autoridades ucranianas.
➡️Os líderes da Ucrânia e dos EUA vão se reunir em Mar-a-Lago, clube privado de Trump onde ele passa as festas de fim de ano. Zelensky, que já está em Miami, afirmou que a reunião deve tratar de acordos de segurança e econômicos. Segundo ele, também serão discutidas “questões territoriais”, já que Moscou e Kiev seguem em forte desacordo sobre o futuro da região do Donbas, no leste da Ucrânia.
“A Ucrânia está disposta a fazer tudo o que for necessário para colocar fim a esta guerra”, escreveu Zelensky no sábado, na rede social X. “Precisamos ser fortes na mesa de negociações.”
Em resposta aos ataques, ele acrescentou: “Queremos paz, e a Rússia demonstra o desejo de continuar a guerra. Se o mundo inteiro — Europa e América — estiver ao nosso lado, juntos vamos deter o presidente russo, Vladimir Putin".
Em encontro com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, no sábado (27), em Halifax, Zelensky afirmou que a chave para a paz é “pressão sobre a Rússia e apoio suficiente e forte à Ucrânia”. Na ocasião, Carney anunciou novos recursos econômicos do governo canadense para ajudar na reconstrução do país.
O que está em jogo no encontro?
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em foto de arquivo (18/12/2025).
REUTERS - Stephanie Lecocq
O encontro presencial entre Trump e Zelensky também evidencia o avanço das negociações conduzidas pelos principais representantes dos dois lados nas últimas semanas, com a troca de rascunhos de planos de paz e a elaboração de uma proposta para encerrar os combates.
Zelensky disse a jornalistas, na sexta-feira, que o rascunho com 20 pontos discutido pelos negociadores está “cerca de 90% pronto” — número e otimismo que coincidem com as avaliações de autoridades americanas após uma reunião em Berlim, no início do mês.
Durante essas conversas, os Estados Unidos concordaram em oferecer à Ucrânia determinadas garantias de segurança semelhantes às concedidas a países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A proposta surgiu depois que Zelensky afirmou estar disposto a desistir da tentativa de adesão à aliança militar, desde que a Ucrânia receba proteção equivalente.
O objetivo principal é refinar os detalhes finais do plano de paz de 20 pontos e aproximar um acordo bilateral EUA-Ucrânia, possivelmente com assinatura de documentos. Tópicos-chave incluem:
Questões territoriais: Destino da região de Donbas (leste da Ucrânia, parcialmente ocupada pela Rússia). Zelensky propõe uma zona desmilitarizada ou econômica, com recuo mútuo de tropas; Rússia exige controle total.
Usina nuclear de Zaporizhzhia: Proposta ucraniana de desocupação russa, segurança nuclear e eventual papel de organismos internacionais.
Garantias de segurança: Ucrânia busca compromissos fortes dos EUA (sem adesão imediata à Otan, mas proteção similar); Trump vê viabilidade em convencer Moscou.
Aspectos econômicos: Investimentos na reconstrução pós-guerra e possíveis acordos bilaterais.
Pressão sobre a Rússia: Aumento de sanções ou incentivos para Moscou aceitar o plano.
Trump afirmou que a reunião "vai correr bem" e que Zelensky "não tem nada até eu aprovar", indicando seu papel central como mediador.
O presidente americano conversou por telefone com Putin neste domingo e disse que a conversa foi “boa e muito produtiva”.
Zelensky, otimista, disse que "muito pode ser decidido antes do Ano Novo", mas enfatizou a necessidade de posições fortes para evitar manipulações russas.
O encontro é visto como crucial para um possível avanço diplomático no final de 2025, mas depende da resolução de impasses territoriais e da aceitação russa.